Em “Estranhos Noturnos” (2021), primeiro romance do jornalista Marcelo Mendez, é quase natural uma comparação com o livro “High Fidelity”, de Nick Hornby, que até ganhou uma adaptação para os cinemas com o ator John Cusak no ano 2000. Mas não se engane, as semelhanças podem até existir, porém Mendez retrata os anos 80 e 90 vividos pelo personagem Hiram em uma Santo André marginal e periférica, com realidades muito diferentes dos personagens de Hornby. Pode-se dizer que o barato em Estranhos Noturnos é louco.
Com personagens que nos causam empatia, vamos descobrindo na narração em primeira pessoa do protagonista as vantagens e desvantagens de morar na região do ABC Paulista, num período de descobertas sonoras, efervescência cultural e a crescente busca por experiências que demonstrassem o verdadeiro sentido de viver intensamente. Claro, mesmo que esse “viver intensamente” fosse se jogar de cabeça em bebidas, drogas e discos de rock.