Lucas Santos
A ambiência é fortemente amplificada pelos instrumentos tradicionais orientais e pela forte presença de nuances que fogem do tradicional. Porém, de certo modo, ele me impactou muito menos que seu antecessor.Gravadora: Pest ProductionsData de lançamento: 30/06/2023
Gênero: Black MetalPaís: China
Esse é um daqueles textos que eu sei que somente eu, eu mesmo e Lucas Santos irão ler. Muito pouco se sabe sobre o Vengeful Spectre, as informações escassas apenas dizem que é a banda de Black Metal com elementos de folk é oriunda da China, mas especificamente da província de Guangdong e foi formada em 2017. O seu álbum de estreia de 2020 caiu no meu colo de forma inesperada (Black Metal não é um estilo que me chama muita atenção em lançamentos, somente coisas bem específicas). Eu ainda não sei o real motivo de ter dado o álbum homônimo da banda chinesa uma chance mas meu amigo, que bom que o fiz. Vengeful Spectre se tornou um dos meu trabalho de Black Metal favoritos de todos os tempos e a minha atenção para a banda chinesa se tornou quase que obsessiva.
As características dos elementos folk estão muito presentes aqui, elementos esses que fazem com que a banda se distancie de seus demais “concorrrentos” do mundo extremo, responsáveis pela mistura ideal entre o caótico so extremo e a suavidade dos instrumentos orientais. Essa mistura é bem orgânica e de certo modo muito pouco explorada dentro do estilo.
Durante os quase 45 minutos de duração, a impressão é que Vengeful Spectre é quase uma outra banda depois de mais de 4 anos. A introdução Beneath Dark Clouds inicia uma tonalidade muito mais arrastada e lenta, e até mesmo os vocais feitos por Frozen soam mais profundos, grossos e menos rasgados e pontudos. E durante as duas 6 faixas, o álbum funciona como uma forma de história que, acredito eu, seja uma trilogia iniciada em 2020.
Tecnicamente Vengeful Spectre II atropela seu antecessor em todos os sentidos: os vocais são mais dinâmicos, as composições são mais compactas e diversificadas, há influências de Doom Metal e momentos de silêncio; Blood and Ashes é uma das melhores faixas de Black Metal que já ouvi (Tenha em mente que o meu leque não é um dos maiores). A ambiência é fortemente amplificada pelos instrumentos tradicionais orientais e pela forte presença de nuances que fogem do tradicional. Porém, de certo modo, ele me impactou muito menos que seu antecessor.
Talvez pelo fato de ele ser um álbum muito mais cadênciado e elaborado, com uma temática lírica ainda voltada à guerra, mas abordando temas mais obscuros e sombrios de tal, aquela sonoridade avassaladora que me empurrou da cadeira ficou devendo um pouco, mas é inegável e notório o quanto a banda evoluiu em sua escrita e composição.
Vengeful Spectre II é um álbum muito mais palatável, menos impactante mas muito mais refinado e elaborado dentro da curta discografia de uma banda tão obscura e pouco falada. Atualmente com apenas vinte e três (!!) ouvintes mensais no spotify (em sua segunda conta?), o segundo álbum de estúdio dos chineses é, não só, uma ótima porta de entrada para quem quer explorar novos sons mais extremos com nuances musicais diversificadas, mas também, um ótimo sucessor para aqueles (acho que só eu) que estavam esperando uma sequência de seu trabalho inaugural de 2020.
Nota final: 8/10