Review: Black Priest – Fatal

Por The Rock Life  | 1 ano atrás

roanirock

O título do álbum da banda niteroiense já fala por si. Fatal é imponente, faz as influências da banda saltarem com os vocais rasgados do “Padre” Vinicius e os solos são tão macabros e grotescos quanto uma boa banda tradicional de heavy Metal deve oferecer. Um Thriller elaborando vários mundos do terror, tão necessário e tão soturno, para o pacto do ouvinte ser apenas com o som, para que fique pelando a orelha no repeat.

Roani Rock

Confira mais reviews de Metal em 2023:Polaris – FatalismSoen – MemorialBury Tomorrow – The Seventh SunDrain – Living Proof

NoSunnyDayz – The Gray The Black And What We ExpectMetallica – 72 Seasons

gênero: Heavy Metal/Doom

País: Brasil

Agonia, dor, terror, pavor, os sussuros e sons que preenchem o silêncio num ambiente escuro, subindo a pressão, tudo que configura uma boa história horripilante está encrustada nesse álbum. E para fazer uma resenha sobre esse tipo de temática tem que estar nesse estado de espírito.

A Black Priest, que já nasceu em 2019 com a inquietação, e que teve de passar pela agonia da pandemia da covid, impossibilitados de fazer shows, usaram as lamúrias desse tempo como gasolina pra tacar fogo, como amolador para afiar as lâminas e alimento pra fome do bicho, para chegarem ao ano de 2024 convictos que seu thriller Fatal é um “best seller” sonoro.

O álbum gravado e mixado no FK Studio (Niterói, RJ) e produzido e mixado por Franklin Vilaça, tem muito claras as suas influências sonoras e elas estão presentes no nome da banda. O bom e primogênito Black Sabbath e o speed Metal do Judas Priest parecem conduzir de forma amorosa como Vinicius e seu bando pensam em composições. Mas claro que há espaço pra outros como o Mercyful Faite e o som do doom entrarem nesse bem bolado.

Vinicius Libânia – The Priest (vocal), Gg Neto – The Evil (baixo), Raphael Ribeiro – The Spectre (guitarra), Phil Drigues – The Healer (bateria) trazem qualidade e demonstram saber muito bem o que fazem. A dinâmica entre os quatro é aterrorizante e acertiva para esse tributo ao terror.

A primeira faixa é como se fosse o padre do Exorcismo de Emilly Rose te instruindo a ir até as Catacombs (provavelmente o hit do álbum). Em uma voz bem aguda e por oras bem grave, fica clara a polivalência de Vinicius Libânia e como seu controle vocal, ao qual o tipo de metal aqui tocado anseia, te faz ansioso pra descobrir que voz ele vai fazer em cada som e como vai cantar.

Em Fear Itself, uma das que mais gostei, tem como destaque maior o guitarrista Raphael Ribeiro num solo transcendental. Mas ao meu entender, os grandes destaques do disco vão de encontro com as participações especiais: Em Crux Tempesta e em All I See Is Black há um teclado por parte de Anderson Paz, deixando tudo ainda mais fantasmagórico e de certa forma melancólico. Em The Common Violance as vozes adicionais de Flávia Andrade também são responsáveis por trazer um tempero extra.

O disco está envolto a admiração a vários personagens que muitas vezes são símbolos do medo, assim como há a conjuração de maldições. Há a notável e sinistra empatia da banda com as vítimas destas obras também, mas eles são espectadores e estão em segurança. Tal qual o ouvinte do trabalho do Black Priest que são espectadores auditivos que confortavelmente escutam as histórias e revoltas envoltas em sons pesados com riffs poderosos tocados em precisão pelo guitarrista Raphael Ribeiro (The Spectre) e o baixista Gg Neto (The Evil) como ocorre em Predator Lost e The Ghost.

A bateria que pode ser comparada a uma britadeira de tão rápida e ao mesmo tempo tão bruta por parte de Phil Drigues (The Healer) conduz de forma fluída e toda a tensão que músicas difíceis como Let Me In (provavelmente a melhor do álbum devido as suas variações constantes em seus apenas 4 min) e The Common Violance transmitem.

O álbum Fatal não é somente uma homenagem ao gênero de filmes de terror. É também um lamento, por todos aqueles que pereceram diante da agonia, da violência e da injustiça. De toda forma, é mais um trabalho de relevância lançado por uma banda brasileira no ano e não estamos nem na metade de 2024. Resta saber o que está por vir, o certo é que o futuro do Black Priest vai ser positivamente obscuro e a “colheita maldita” será farta.

Nota final: 8/10


Compartilhe

*Este conteúdo é de direito e responsabilidade exclusiva da fonte original (©The Rock Life). O Rock Notícias é um agregador de conteúdo dos principais portais de Rock e NÃO É responsável pelo conteúdo aqui publicado.